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4.8.06

Há 3 anos...

... os meus anjinhos entravam em casa pela 1ª vez.
E por isso me apeteceu deixar aqui o meu testemunho (aviso que é muuuuito longo)

A minha gravidez de gémeos não foi tão inesperada, pois como fiz uma ICSI (micro injecção) onde foi transferido 2 embriões, tinha sempre essa probabilidade.
Fui uma das "sortudas" que conseguiu engravidar após um único tratamento. Digo mesmo "sortuda", pois convivi com muitas mulheres que estavam a tentar já há bastante tempo e que me deram muito apoio e carinho, e me transmitiram todas as suas experiências e expectativas. E é a essas mulheres que eu devo toda a calma, tranquilidade e carinho que tive durante o tratamento. Mulheres com uma determinação do tamanho do MUNDO.

Fiquei sabendo que estava grávida, 15 dias após a transferência e com 6 semanas fiz a minha 1ª ecografia, altura em que fiquei sabendo que estava grávida de gémeos.
Deixei aquela sala e com o coração mais feliz do mundo. Eu senti-me a rainha das rainhas e a mais abençoada de todas as mulheres. Liguei logo para o futuro papai para dar a notícia. Apesar de saber da possibilidade ele ficou ligeiramente gago...
Tive uma gravidez santa, apesar do chumbo que levava dentro de mim e do peso que ganhei (40 kg! Uma vergonha!).

Tive um episódio muito engraçado perto das 33 semanas.
Estava no 2º andar do Cascais shopping, e a escada rolante que descia estava avariada e interdita. O segurança ao olhar para mim, pediu para eu esperar um pouco e depois de falar no seu telefone, pediu para as pessoas que estavam a subir esperar. Inverteu o sentido da escada e lá desceu a rainha. Depois ele chegou ao pé de mim e disse. Parabéns há muitos anos que não via uma barriga, que só pode ser de gémeos, tão grande!

Fui uma grávida extremamente feliz (apesar de pouca participação por parte do meu marido) e esbanjava barriga até não poder mais.
Neste período contei com duas "amigas inter nautas” que me ajudaram a esclarecer todas as minhas dúvidas e me acalmaram nos momentos de ansiedade.
Por ser uma gravidez de risco (tinha 37 para 38 anos) e ainda por mais de gémeos, tinha consultas e fazia ecografias de 3 em 3 semanas até às 34 semanas. A partir dessa altura deixei de fazer as ecos e passei a ter consultas e fazer o CTG 1 vez por semana.

O Parto estava marcado para o dia 3 de Agosto, mas como rompeu a bolsa do Pedro, fui para o Hospital no dia 31 de Julho de madrugada.
Como não fiz a dilatação por completo, acabei fazendo uma cesariana a seis da tarde.
O que mais me custou foi ter de ficar 14 horas sem poder beber nem uma gota de água e sem poder me mexer, caso contrário uns dos CTGs deixava de se ouvir. A secura da boca, garganta e nariz fazia-me uma certa asfixia. Estava um calor insuportável. Foi o dia mais quentedo ano.
Fiz a cesariana com epidural e deu para vê-los nascer. Foi um momento muito especial, ver aquelas carinhas pela primeira vez. Nunca vou me esquecer desse dia. Eles nasceram bem grandes e gordos. O Pedro nasceu ás 18:01 horas com 3.470 g e 48,5 cm e passado 1 minuto nasceu a Maria com 3,330 e 47,0 cm.
Tive febre (40ºC) após o parto e só fui para o recobro passava das 2 da manhã. Por isso nessa noite eles ficaram no berçário.
No dia seguinte levantei-me da cama e comecei a tarefa de tratar deles. Custou um bocadinho levantar e tive alguns vómitos devido ao excesso da anestesia.


Enquanto estive grávida sonhei e fiz muitos planos dessa nossa nova vida e quanto vim para casa, tinha tudo idealizado na cabeça, o pai a interagir com os filhos, a dar banhos e biberões, a fazermos tudo em conjunto, enfim...
As coisas não correram como eu esperava e o nosso 1º ano foi bastante complicado e passamos por momentos bastantes difíceis.
Os primeiros 3 meses foram extremamente desgastante, pois tirando os primeiros 15 dias que a minha mãe veio passar comigo o resto foi sempre por minha conta. Eram 24 horas sobre 24 horas 7 dias por semana, pois nem aos fins-de-semana ele era capaz de dizer para eu ir descansar que ele ficava com as crianças, ou que eu não me preocupasse que ele dava os biberões da noite. Senti-me muitas vezes "uma mãe solteira" (sem querer tirar o devido valor de quem o é de verdade).
Criei expectativas e de certa forma a culpa talvez até tenha sido minha, não sei. E agora já nem vale mais a pena pensar muito no assunto.
Eu não soube lidar com a situação da melhor maneira. Tenho plena noção que neste período, deixei de ser esposa e mulher e passei a ser só mãe. E uma mãe extremamente galinha que achava que só eu sabia o que era certo para eles. O que de certa maneira fez talvez com que o pai se afastasse mais.
Hoje em dia as coisas estão bem melhores. Há uma interacção muito maior com as crianças e até já dá banho e de comer quando é preciso.
Continua a não abrir mão do seu sono de fim-de-semana e eu a prendi a lidar com todas essas situações.
Agora os meus "pestinhas " estão com 3 anos e eu vou continuar com eles a 100% até Outubro, altura em que vão para o jardim-de-infância.

Tive esse privilégio de ficar com eles em casa, apesar de ter custado bastante não poder ir trabalhar e conviver com outros adultos fez com que a minha sanidade física e mental ficasse meio baralhada. Mas não há dúvida de que apesar de tudo é maravilhoso poder vê-los crescer de dia para dia e poder acompanhar de perto cada conquista e cada nova escalada da vida deles.

Com certeza que vou sentir falta desses tempos
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6 Comments:

Blogger Bluejustin disse...

Que delícia de post!Parabéns pelos 3 anos, que venham muitos mais.Agora que vou a caminho do 2º também olho para trás e vejo que foi muito dificil os primeiros tempos com o meu filhote, exactamente pelos mesmos motivos que tu, pouca ajuda, pouco envolvimento da cara-metade (acho que para eles tb é dificil, acabam por se sentir meio de parte), muitas noites mal dormidas...mas com muitos momentos bons também.Neste momento não me sinto nada ansiosa ou nervosa com a chegada de mais um rebento, acho que vou ser muito mais descontraída, não me vou stressar como me stressava.

Beijo grande

P.S.:Aquilo está quase (ufa, chama-me lenta, ihihhi, que é verdade)

2:22 da tarde  
Blogger Unknown disse...

Minha grande amiga!!!!!!!!!!!

Eu adorei este post...reflecte mesmo a pessoa que és!!!

Tu és de facto uma mulher sensacional por isso faz de ti uma MAE fantastica!!

Tenho um prazer enorme de ser amiga de uma lutadora nata!!

obrigado por tudo

Yami

12:17 da tarde  
Blogger Rita disse...

Realmente não deve ter sido fácil sentires-te assim tão sózinha numa fase em que precisamos de tanto apoio para tratarmos dos nossos bebés. Ainda bem que as coisas estão melhores mas não te esqueças que a comunicação é uma das coisas mais importantes num casamento... e o amor claro!! Por isso, fala com o teu maridinho, tenta explicar-lhe a importancia enorme que tem o facto de ele participar nas actividades diárias com os filhotes, pode ser que ele perceba que só assim criará laços fortes e aquele sentimento de cumplicidade que conhecemos tão bem.
Beijinhos

12:31 da tarde  
Blogger Smas disse...

Adorei este post!
Lindo, lindo!
Pena que no início tenha sido tão complicado pois é na altura que nos sentimos mais frágeis.
Bjs

5:53 da manhã  
Blogger Mummy disse...

Parabens para voçê e seus 2 anjinhos. Eles estão enormes e lindos.
Muitas felicidades para toda a familia.
Beijos

3:24 da tarde  
Blogger susie disse...

Olá!
É a 1ª vez que visito o teu e adorei ler as tuas palavras espero um dia vir a sentir a mesma alegria que tu:)
Acredita que és uma mãe muito especial!

Beijinhos e tudo de bom para vocês
Susanafp

11:34 da manhã  

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